Thierry Ferreira

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Depois do degelo - Cidade da Guarda - Thierry Ferreira
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SIAC4 - City of Guarda, Portugal 2019

After the thaw

(EN)
MONUMENTAL SCULPTURE EXHIBITION by THIERRY FERREIRA
‘After the Defrost’ is the name of the portentous monumental urban sculpture exhibition of Thierry Ferreira that is located in the historic center of Guarda. Thierry has long accustomed us to his linear or curved shapes, which cut the melancholy of historical architectural records, inviting them to re-read and appreciate them, reinterpreting the urban space in intrusions that invite a reflection on the inhabited locus.
A magnificent plastic register in the ‘Highest City’.
João Mendes Rosa

The exhibition draws a path through the historic center of the city of Guarda, showing a set of five contemporary sculptures of monumental character in dialogue with the city.

From this dialectic between Art and Heritage, the exhibition project “After the Defrost” proposes to counter the molded look, for the daily, of the spectator, taking it to a new perspective in the way of apprehending the city.

João Mendes Rosa

(PT)

DEPOIS DO DEGELO

A cidade agora habita em nós

Herberto Hélder

 

Eximimo-nos terminantemente a recrudescer aqui uma discussão, tão remota e quando até porventura infecunda – se almejarmos uma solução terminante – que é a definição do papel da escultura pública no palco urbano. Ninguém duvida que o velho quesito assumirá ‘ad aeternum’ um centralismo inevitável no desenho urbanístico, face aos elementos identitários em presença – uma vez que remete para uma questão que interferirá sempre na consciência colectiva e nas vivências populacionais urbanas. Como bem lembra Mónica Oliveira[1] a temática fundeia-se em ‘elementos simbólicos’ que ‘estabelecem um diálogo entre indivíduos, territórios, tempos’. E acrescenta: a presença de escultura pública na vida do cidadão suscita comportamentos e relações entre indivíduo e objecto artístico[2].

Assim, toda a inovação no espaço público é motivo de desconforto e elemento potencialmente gerador de controvérsia. Quando se verifica qualquer alteração do horizonte do nooso quotidiano, sob o qual ocorreram experiências individuais e colectivas, vivências geradoras de afectos e memórias – e até acontecimentos históricos – a perturbação instala-se.

Recordo que a Torre Eiffel, construída para a Exposição Universal de 1889, hoje um dos ex-líbris de França e da arte mundial, nasceu envolta em polémica e foi mesmo alvo de uma petição subscrita por escritores, pintores, escultores e arquitectos na qual alegavam que tal construção envergonhava a arte francesa, tendo estado para ser demolida em 1909. Gustave Eiffel chegou mesmo a sugerir que fosse retirada à sua obra a natureza artística e passasse ter um carácter utilitário; ser usada como antena de rádio[3]. Este exemplo é ilustrativo a que índices pode atingir a modificação dos elementos visuais do espaço público. Mas imagine-se que agora se dava o inverso: que se sugeria, por absurdo, demolir a Torre Eiffel?

No que à escultura pública diz respeito, há ainda uma outra questão que não pode deixar de ser aflorada. É a sua mobilidade espacial, ou seja, a alteração do seu enquadramento preceptivo. São inúmeros os exemplos de controvérsias geradas por redefinições do tecido urbano e, com elas, a relocalização de esculturas, sobretudo as de carácter classicizante. Mas não é aqui o momento para aprofundar tal questão – não deixando de registar, todavia o debate que continua a suscitar a deslocação em 2005 da estátua de D. Sancho I na Praça Velha.

Quando se trata da introdução do elemento contemporâneo a questão é ainda mais delicada. Como diz a autora que vimos citando, as obras já requerem uma ‘apropriação visual diferente’, uma ‘educação artística que reconheça o cidadão enquanto construtor do seu próprio conhecimento’[4].

E é precisamente aqui que estas nossas cogitações pretendiam chegar: o carácter pedagógico que a arte contemporânea pode proporcionar ao cidadão, estabelecendo – para além da controvérsia mais ou menos acesa que inicialmente possa gerar – uma verdadeira reflexão crítica de qual é a natureza e razão de ser da arte hodierna, que acompanha a nossa existência e não a que que repousa belamente num passado mais ou menos distante. Mais: a ‘intrusão’ contemporânea, pode complementar e auxiliar na obra instante de valorização, protecção e divulgação do património histórico.

O repensar do espaço vivencial enquanto entidade urbana potencialmente abstracizante, enquanto elemento comum, partilhado e em permanente evolução, permitirá, no pleno apreço pelo legado memorialístico inalienável, criar áreas habitacionais concretas de cultura comunitária dinâmica, estribada no conceito da autorrenovação e em que todos os cidadãos são partícipes. E essa participação, essa partilha que só se pode construir pela convivialidade dos símbolos visuais do passado com os distintivos da contemporaneidade.

O escultor Thierry Ferreira – que já deixou no ‘Campus Internacional de Arte Contemporânea Cidade da Guarda’ uma obra da sua autoria (2016) – procura agora nesta arrebatadora exposição monumental, que se distribui um pouco por todo o pelo casco histórico da cidade, um diálogo entre dois tempos distintos, a interlocução de duas visões da cidade, a comunicação intergeracional: eis pois a disjunção improvável das volumetrias resultantes desse confronto que convida o indivíduo a traçar uma linha temporal que atravessa os séculos, como um dilúvio que arrastou consigo, pelas praças, pelas ruas, pelas paredes, elementos escultóricos aparentemente intrusivos mas que nos revelam o que inopinadamente ia ficando oculto ao olhar adicto ao expectável.

Já quase não nos lembrávamos da majestade da catedral, cuja escala ganha agora renovada expressão, sobranceira a um habitáculo invertido, que poderá muito bem representar a cidade por pensar, isto é, por habitar genuinamente. E esse jogo de escalas vai acontecendo dentro da muralha medieva, num desafio de linhas e formas na narrativa dialogada entre o clássico e o contemporâneo. Cada obra não pretende afirmar-se por si mesma, procurando, todavia, um contexto de contraste, mas também de integração, criando uma cidade dentro da cidade. São estruturas férreas multicolores que se disseminam e deixam linguagens que unificam, que impelem a reflectir os espaços.

Sendo uma exposição temporária, o degelo levou de novo os despojos escultóricos e com eles um imaginário que se confinou a um tempo propositadamente escasso, mas o suficiente para nos apercebermos que a cidade não é um espaço estático ou sacralizado. É um eterno teatro de vivências. Assim, a exposição ‘Depois do degelo’ significou, uma releitura que perdurará para além de si mesma e há-de sobreviver como experiência de liberdade criadora dentro da memória histórica identitária.

 

Por João Mendes Rosa

 

 

[1] ‘Qual o papel da escultura pública na educação do cidadão?’ in European Review Artistics Studies, 2015, v. 6, nº2, pp. 54-67.

[2] Idem, ibidem, p. 1.

[3] Cfr. Harvie, DavidI; ‘Eiffel: The Genius Who Reinvented Himself Stroud’, Gloucestershire: Sutton, 2006

[4] Mónica Oliveira, op. cit. p.1.

….

EXPOSIÇÃO MONUMENTAL DE ESCULTURA por THIERRY FERREIRA
‘Depois do Degelo’ é o nome da portentosa exposição de escultura monumental urbana de Thierry Ferreira que se dispõe pelo centro histórico da Guarda. O Thierry há muito que nos habituou às suas volumetrias lineares ou curviformes, que recortam a melancolia dos registos arquitectónicos históricos, convidando a uma releitura e valorização dos mesmos, reinterpretando o espaço urbano em intrusões que convidam a uma reflexão sobre o ‘locus’ habitado.
Um magnifico registo plástico na ‘Cidade mais alta’.

Fotos: Thierry Ferreira e Grau Zero.

A exposição desenha um percurso através do centro histórico da  cidade da Guarda, mostrando um conjunto de cinco esculturas contemporâneas de carácter monumental em dialogo com a cidade.

A partir desta dialética entre Arte e Património, o projecto expositivo “Depois do Degelo” propõe-se contrariar o olhar moldado, pelo quotidiano, do espectador, levando-o para uma nova perspectiva no modo de apreender a cidade.

Por João Mendes Rosa

(FR)
EXPOSITION SCULPTURE MONUMENTALE de THIERRY FERREIRA
«After the Defrost» est le nom de la gigantesque exposition de sculptures urbaines monumentales de Thierry Ferreira, située dans le centre historique de Guarda. Thierry nous a habitués depuis longtemps à ses formes linéaires ou courbes, qui coupent la mélancolie des archives architecturales historiques, les invitant à les relire et à les apprécier, réinterprétant l’espace urbain dans des intrusions invitant à une réflexion sur le lieu habité.
Un magnifique registre en plastique dans la «ville la plus haute».
João Mendes Rosa

L’exposition trace un chemin dans le centre historique de la ville de Guarda et présente un ensemble de cinq sculptures contemporaines de caractère monumental en dialogue avec la ville.

A partir de cette dialectique entre Art et Patrimoine, le projet d’exposition “After the Defrost” propose de contrer le look moulé, pour le quotidien, du spectateur, en lui donnant une nouvelle perspective pour appréhender la ville.

Project Type

  • # Escultura
  • # Instalação
  • # Portfolio
© Thierry Ferreira
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