PARTI-cipation X Lisboa “Ocupar a cidade”
10 de outubro a 16 de novembro
Exposição com curadoria de: Ana Calçada e Gotffried Hafemann
Com trabalhos de: Beatriz Horta Correia, Carlos Matter, Constanze Nowak, Cordula Prieser, Cornelia Rößler, Francisco Klinger Carvalho, Gabi Rets, Gertraud Hasselbach, Graça Pereira Coutinho, Hans Bernhard Becker, Inês Amado, Luís Pintão, Miguel Gaspar, Monika Linhard, Pedro Valdez Cardoso, Samuel Rama, Silvia Beck, Sílvia Hestnes Ferreira, Sofi Zezmer, Susana Piteira, Susanne Specht, Thierry Ferreira, Tomasz Matuszak, Young W. Song, Wolfgang Gemmer
Quarta a domingo das 14 às 19h
Local: Prata Riverside Village em Marvila
Entrada gratuita
O PARTI-cipation X Lisboa “Ocupar a cidade” é um projeto coletivo que realiza em Lisboa a sua 10ª edição e parte do convite do artista Francisco Klinger Carvalho – Galerie Hafemann, na Alemanha à curadora Ana Calçada que selecionou e associa 10 artistas portugueses aos 15 artistas migrantes de diversas geografias com ligação à Galerie. 25 artistas que vão “Ocupar a cidade” e integrar um alargado tecido cultural e social nesta cidade.
O Projeto PARTI-cipation foi iniciado na Alemanha em 2012, na cidade de Wiesbaden e realizado em diferentes países, nomeadamente na Europa, América do Sul e na Ásia, contando já com 9 edições (Alemanha, Itália, Coreia do Sul, Brasil, Holanda e Polónia).
O título do evento PARTI-cipation X, bem como o subtítulo “Ocupar a cidade”, concorrem para definição do Projeto como instrumento cultural e integrador e explora a ideia de uma cidade onde a heterogeneidade discursiva apela aos sentidos através da diversidade estética.
Escolhida Lisboa, para o diálogo da comunidade artística com a cidade, integram-se os artistas portugueses: Graça Pereira Coutinho, Samuel Rama, Beatriz Horta Correia, Pedro Valdez Cardoso, Susana Piteira, Miguel Gaspar, Inês Amado, Sílvia Hestnes Ferreira, Luís Pintão e Thierry Ferreira num confronto de abordagense perceções e diversas.
O PARTI-cipation X Lisboa 2024 “Ocupar a cidade” fixa na Cidade e no diálogo com os artistas e, dos artistas com a Cidade, uma partilha e cumplicidade para a criação de obras que integram o ambiente histórico, multicultural e social de Lisboa.
Espera-se que a riqueza do diálogo entre artistas e curadores, inspirados por Lisboa e pelo seu território diverso, se projetem na expressão criativa dos artistas convidados.
Elementos como o Rio Tejo e a arquitetura da cidade são fontes de inspiração que ajudam a moldar as narrativas artísticas que serão criadas. O contexto histórico, marcado por 50 anos de democracia e liberdade cultural, fixa um pano de fundo crucial para a reflexão artística.
Juntos, os 25 artistas terão espaço e oportunidade de explorar e dialogar em processo de atelier e, apresentar as suas obras na exposição dentro do espaço vibrante de Marvila, em Lisboa.
A heterogeneidade das obras de arte, mesmo quando aparentam ser inconciliáveis, constroem um puzzle que se revela como um todo coerente. Essa diversidade de sensibilidades, técnicas e conceitos enriquece a experiência estética e pretende provocar uma reflexão mais profunda nos visitantes. Cada obra traz consigo uma narrativa própria, um fragmento de realidade que, ao ser colocado em diálogo com as outras, gera novas interpretações e conexões.
Essa coexistência de diferentes linguagens artísticas pretende desafiar o visitante a questionar as suas próprias perceções e preconceitos, ampliando o seu “olhar” sobre a arte e a sociedade.
Estas obras, ao serem reunidas num espaço comum, formam um “ecossistema” que reflete a complexidade da experiência. Essa interligação não é apenas um agrupamento aleatório, mas uma construção intencional que pretende provocar emoções.
O Prata Riverside Village vai acolher e apoiar o projeto que conta também com o envolvimento da 28 Art Gallery e da Junta de Freguesia de Marvila, bem como dos seus moradores com quem se vão desenvolver diversas atividades, trazendo uma forte componente cultural participativa para a zona ribeirinha oriental da capital.
O evento comporta diversos momentos, sendo que os artistas estarão em processo de trabalho, em atelier, entre o dia 2 e 9 outubro:
Outubro
Dia 10 (5ª feira) – Inauguração PARTI-cipationX Lisboa 2024 “Ocupar a cidade” – 18h às 21h – com “Performance participativa” concebida por Inês Amado que ficará em registo na exposição.
Dia 11 (6ª Feira) – “Conversas informais” – artistas e visitantes – Os espaços expositivos são os lugares onde os artistas dão a conhecer as suas interpretações e representações, funcionando como uma plataforma, onde os artistas partilham os seus conceitos com o público visitante.
As visitas comentadas a públicos diversos e as conversas com as personalidades convidadas serão realizadas em datas a divulgar.
Para 2025 está assegurada um evento com a participação de artistas portugueses em Wiesbaden, na Alemanha..
O Projeto em Lisboa conta com a participação dos seguintes artistas de diferentes países, com relações com a Alemanha:
Silvia Beck (Berlim, Alemanha)
https://www.silviabeck.de/
Hans Bernhard Becker (Wiesbaden, Alemanha)
Francisco Klinger Carvalho (Mannheim, Alemanha)
www.franciscoklingercarvalho.com
Monika Linhard (Frankfurt, Alemanha)
www.monikalinhard.de
Constanze Nowak (Dresden, Alemanha)
www.constanzenowak.de
Cornelia Rößler (Mainz, Alemanha)
www.corneliaroessler.de
Young W. Song (Schwalbach am Taunus, Alemanha)
www.youngwhasong.com
Silvia Hestnes Ferreira (Lisboa/Paris/Wioesbiden)
https://gulbenkian.pt/historia-das-exposicoes/exhibitions/973/
Sofi Zezmer (Wiesbaden)
www.sofizezmer.com
Peer Veneman (Amsterdão)
www.peerveneman.com
Gertraud Hasselbach (Schweppenhausen, Alemanha)
https://gertraud-hasselbach.de/
Carlos Matter (Wiesbaden (Alemanha), Verduno (Italia) , Zurique (Suíça)
https://www.carlosmatter.com/
Cordula Prieser (Bremen, Alemanha)
https://cordula-prieser.de/
Gabi Rets
https://gabirets.nl/
Susanne Specht (Berlim, Alemanha)
http://www.susannespecht.de
Wolfgang Gemmer
https://www.w-gem.com/
e dos artistas participantes portugueses residentes em Portugal e no estrangeiro:
Beatriz Horta Correia (Lisboa, Portugal)
https://www.beatrizhortacorreia.pt/
Graça Pereira Coutinho (Lisboa/Londres, Portugal)
http://www.gracapereiracoutinho.com
Inês Amado (Lisboa, Portugal)
https://www.ines-amado.com
Luís Pintão (Lisboa, Portugal)
https://www.artmajeur.com/luis-2303
Miguel Gaspar (Lisboa, Portugal)
https://www.instagram.com/miguelffgaspar/
Pedro Valdez Cardoso (Lisboa, Portugal)
http://www.pedrovaldezcardoso.com/
Samuel Rama (Caldas da Rainha, Portugal)
https://111.pt/
Silvia Hestnes Ferreira (Lisboa/Paris)
https://gulbenkian.pt/historia-das-exposicoes/exhibitions/973/
Susana Piteira (Aveiras de Cima, Portugal)
http://www.susanapiteira.com
Thierry Ferreira (Alcobaça, Portugal)
https://www.thierryferreira.com
Para 2025 está agendado evento em Wiesbaden, na Alemanha, com a participação de artistas portugueses.
Histórico do Projeto
Concretizaram-se no Projeto, desde 2012, as seguintes edições:
2012 “Setzung" Weißes Quadrat Iphofen, Alemanha
2013 ”Riferimento" Castello di Verduno/Itália
2014 “The Guesthouse" Vous Etes Ici Gallery, Amesterdão/Holanda
2015 Correnteza" Casa da Cultura Óbidos/Amazonas/Brasil
2016 “Museu de História” Rhönmuseum Fladungen, Berlim/Alemanha
2017 “Semi-Transparent”, Gallery SoSo Seoul/Coreia
2018 “Perforated Walls”, Kunstquartier Bethanien Berlim/Alemanha
2019 “Das Buch“, edição do catálogo dos eventos anteriores,
Wiesbaden, Alemanha
2020 “ Nie Rzuca Się Kamieniami“, mieszkając w szklanym domu, Polónia
O Projeto PARTI-cipation, Hafemann International, foi um projeto inicialmente concebido pelos artistas da Galerie Hafemann da cidade de Wiesbaden/Alemanha, o
qual se fundamentou em uma frase do filósofo Heidegger – “A origem da obra de
Arte, que diz: “não há arte sem o artista, e não há artista sem o seu meio”.
Um grupo de artistas internacionais, com base na Alemanha reúnem-se anualmente
num local diferente para realizarem uma exposição, convidando um curador local a
selecionar artistas desse país. Em conjunto, criam uma dinâmica cultural de diálogo
de arte e intercâmbio de conceitos que estimula a criação artística e a promoção entre os países. Um artista propõe um local ao qual esteja ligado emocionalmente (atelier, cidade de origem, lugar de referência …) e convida uma seleção de artistas e colecionadores para a realização de uma exposição conjunta no país do curador convidado.
(PT) Memória Descritiva: “Eira” – Uma Reflexão sobre Memória e Transformação
“Eira” 2024
Instalação de objetos em madeira carbonizada pela técnica Yakisugi
Dimensões variáveis
A instalação artística “Eira”, do artista Thierry Ferreira convida o espectador a uma profunda jornada introspectiva através da transformação de objetos quotidianos. Ao reunir um conjunto heterogéneo de artefactos provenientes do acervo pessoal do artista, a obra estabelece um diálogo íntimo entre passado e presente.
O título “Eira” evoca um espaço de encontro e transformação, onde as memórias são guardadas e reinterpretadas. Neste contexto, a “eira” transcende a sua função agrícola, transformando-se num espaço metafórico onde os objetos, modificados pela técnica Yakisugi — um método ancestral japonês de carbonização da madeira — se tornam verdadeiros portais para o passado. A camada de carbono que recobre cada objeto confere-lhes uma pátina singular, evidenciando a passagem do tempo e a ação do fogo como agentes de transformação.
“Eira” vai além da mera exposição de objetos, constituindo-se numa experiência estética e sensorial complexa. Ao submeter os artefactos a um processo de carbonização, o artista transforma-os em testemunhos únicos de um tempo passado, convidando o espectador a uma contemplação lenta e cuidadosa. A instalação questiona a capacidade dos objetos de reter e transmitir memória, mesmo após terem sido aparentemente consumidos pelo tempo e pelo uso.
Em última análise, “Eira” convida-nos a refletir sobre a natureza efémera da existência e a capacidade dos objetos de transcender o tempo. Ao transformar objetos quotidianos através do fogo, o artista não só prolonga a sua vida útil, como também os eleva à condição de símbolos, carregados de significado e memória. A instalação questiona a nossa relação com a perda e a morte, sugerindo que a transformação é uma forma de preservação. Através da técnica Yakisugi, os objetos renascem das cinzas, convidando-nos a repensar a nossa própria finitude e a possibilidade de ressignificar o passado.
(EN)
Descriptive Memory: “Eira” – A Reflection on Memory and Transformation
“Eira” 2024
Installation of objects in wood charred using the Yakisugi technique
Variable dimensions
The artistic installation “Eira” by artist Thierry Ferreira invites the viewer on a profound introspective journey through the transformation of everyday objects. By gathering a heterogeneous collection of artifacts from the artist’s personal archive, the work establishes an intimate dialogue between past and present.
The title “Eira” evokes a space of gathering and transformation, where memories are preserved and reinterpreted. In this context, the “eira” transcends its agricultural function, becoming a metaphorical space where the objects, modified by the Yakisugi technique—an ancient Japanese method of wood charring—become true portals to the past. The carbon layer covering each object gives them a unique patina, highlighting the passage of time and the action of fire as agents of transformation.
“Eira” goes beyond the mere display of objects, becoming a complex aesthetic and sensory experience. By subjecting the artifacts to a charring process, the artist transforms them into unique witnesses of a past time, inviting the viewer to slow and careful contemplation. The installation questions the ability of objects to retain and convey memory, even after they have seemingly been consumed by time and use.
Ultimately, “Eira” invites us to reflect on the ephemeral nature of existence and the capacity of objects to transcend time. By transforming everyday objects through fire, the artist not only extends their lifespan but also elevates them to the status of symbols, imbued with meaning and memory. The installation challenges our relationship with loss and death, suggesting that transformation is a form of preservation. Through the Yakisugi technique, the objects are reborn from the ashes, inviting us to rethink our own finitude and the possibility of reinterpreting the past.